Sobre utopias e desencantos: a potência da imaginação na construção histórica
Redação
A ansiedade de encontrar o “novo” e de estabelecer contato com o que era “pueril” podem nos indicar que a tradição ocidental preserva, em sua gênese, uma certa nostalgia que prefigura o sentimento utópico.
José Alves de Freitas Neto -
A ausência de imaginação é um modo de impedir novas construções sobre o futuro e sobre o passado. Na história das culturas e povos ocidentalizados, o domínio do tempo presente apresenta questões e cobranças imediatas que estão em diálogo com o pretérito ou com o porvir. Nada é automático, nem mero exercício de desdobramento do tempo, mas há uma intersecção entre as experiências e dimensões do tempo.
O esgotamento ou incapacidade de construção de um outro momento é o que, particularmente, imobiliza e cria a sensação de impotência nos dias atuais. Há sentimentos controversos: desejos de mudança, recuperação de elos com o passado e, paradoxalmente, uma aparente e incômoda ausência de projetos ou de manifestações utópicas.
Perdemos a capacidade de pensar e termos alguma ousadia? Nos faltam utopias? Na gênese do mundo ocidental moderno, A Utopia(1516), de Thomas More, identificou questões em um período de transições. No contexto das viagens e das descobertas marítimas, havia o peso dos imaginários em torno da novidade e uma expectativa sobre os alcances das mudanças experi...