Eram os deuses jornaleiros?
Redação
Esses quiosques de lata e zinco surgiram no início do século XX e logo se espalharam pela paisagem urbana como um meio eficaz de veicular a informação.
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No subúrbio nunca existiu livraria. Ainda não existe. À medida que nos afastávamos do centro e/ou dos bairros contíguos a ele, as livrarias, que já não eram muitas, iam dando lugar às papelarias, onde se podia encontrar de tudo, de material escolar a utensílios de escritório, de cartões-postais (isso ainda existe?) a livros, principalmente didáticos. Hoje em dia, mesmo as papelarias mudaram sua feição, engolidas pelas grandes redes de lojas e supermercados.
Continuando essa espécie de percurso centrífugo na geografia da cidade, em direção àquela área do subúrbio mais longínqua, a que se denomina periferia, para não dizer lá onde Judas perdeu as botas, as papelarias também iam se obliterando, pelo menos aquelas nas quais havia livros, até desaparecerem por completo e serem substituídas por algo que originalmente não tinha a função (nem a vocação) de vendê-los: as bancas de jornal.
Esses quiosques de lata e zinco surgiram no início do século XX e logo se espalharam pela paisagem urbana como um meio eficaz de veicular a informação. Você acordava cedo para ir à padaria buscar o filão de pão e o leite de saquinho e aproveitava para dar uma olhada nas últimas notícias do país e do mundo, na vida íntima dos artistas de TV e rádio, na escalação do seu time de futebol, na previsão do tempo para o fim de semana. Se tivesse alguns trocados sobrando levava também o gibi do Tio Patinhas, o “coquetel” de palavras-cruzadas, a sabedoria do...