Enfim… a normalização do consumo
Redação
Para vender maquiagem, mulheres trans. Para reposicionar cerveja, mulheres empoderadas. Para anunciar novo perfume, casais gays. Para oferecer serviços bancários, leitura para crianças.
Bruno Pompeu e Clotilde Peres -
Não é novidade para ninguém que o consumo tenha se tornado, nos últimos vinte anos, assunto recorrente nas mais diversas esferas – da política ao marketing, da economia à publicidade. Do ponto de vista acadêmico, foram 20 anos da consolidação do processo de transformação de um fenômeno social e cultural em objeto de estudo, corpo teórico e – por que não dizer? – campo científico.
Livros e artigos foram publicados, programas de pós-graduação foram criados, congressos foram organizados, grupos de pesquisa foram mobilizados. À luz do que teóricos do porte de Zygmunt Bauman, Gilles Lipovetsky e Néstor García Canclini vinham discutindo, abraçamos nas salas de aula e nos projetos de pesquisa o consumo como grande protagonista deste século ainda adolescente. E nunca estivemos sozinhos nesse abraço.
Enquanto na academia nos debruçávamos sobre a dimensão simbólica do consumo e sua transversalidade à vida contemporânea, governos e mercados, respectivamente, enxergaram neste fenômeno a melhor chance de enfrentamento a uma crise econômica global e uma grande oportunidade...