O funcionamento dos cadeados acionados por chave
Redação
A qualidade de um cadeado está diretamente relacionada ao material do qual é feito e eles podem ser feitos de vários tipos de metais, como latão, alumínio e até aço. Quanto mais resistente o metal de sua fabricação, mais resistente a arrombamentos será o cadeado. Além disso, cada cadeado possui também uma classificação de tamanho, marcado como CR XX, onde XX é o tamanho do corpo do produto. Por exemplo: um cadeado CR 25 possui um corpo com 25 mm (2,5 cm) de comprimento, enquanto um CR 70 tem um corpo de 70 mm (7 cm). Essa marcação estará não apenas na embalagem, mas tem grafado no próprio corpo do cadeado, facilitando assim a compra de um igual no caso de defeito. Assim como o material de fabricação, o tamanho do corpo do cadeado também influência diretamente na segurança: quanto maior ele for, mais difícil de arrombar será. Deve-se conhecer os requisitos mínimos exigíveis para fabricação, segurança e funcionamento de cadeados acionados por chave.
Algumas definições são importantes. O cadeado é um mecanismo portátil cujo gancho se introduz em elos que se quer unir. O gancho é a peça responsável pela aplicação do cadeado, o corpo é a peça responsável pelo alojamento de todos os demais componentes do cadeado, o cilindro é a peça que recebe a chave e aloja os pinos-segredo/lâmina de segredo e a chave é a peça para ser introduzida no cilindro, girando-o quando tiver o mesmo segredo, possibilitando que o cilindro transmita o movimento à lingueta.
Já a lingueta é a peça acionada pelo cilindro para destravar o gancho, o pino-segredo é a peça do mecanismo que, em conjunto com a chave, define o segredo, o contrapino é a peça do mecanismo que trava o cilindro quando este está sem a chave e a mola-segredo é a peça do mecanismo que atua sobre o contrapino (ver figura abaixo).
O interior de um cadeado é formado por vários pinos de metal presos por uma mola dentro de um cilindro. Para liberar a trava dos cadeados, cada um desses pinos precisa estar na altura certa dentro do cilindro – e é essa altura que se chama de segredo do cadeado. É por isso que toda chave possui uma parte toda irregular e serrilhada: são essas ranhuras no metal que, ao serem inseridas na fechadura, fazem com que os pinos de metal de dentro do cadeado sejam empurrados para a altura correta, liberando assim a trava e permitindo a abertura.
O sistema funciona do mesmo jeito em cadeados com senha, só que ao invés de uma chave é a rotação dos números no cadeado que faz com que as partes internas dele se movimentem até todas estarem na altura correta. É por causa disso que uma mesma chave não costuma abrir mais do que um cadeado: cada um possui um segredo diferente, o que impede que qualquer chave o abra, garantindo maior segurança. Mas, algumas vezes, ter vários cadeados que necessitam de chaves diferentes pode ser um complicador. É para isso que existem os cadeados com o mesmo segredo.
A NBR 15271 de 07/2013 - Cadeados — Requisitos, classificação e métodos de ensaio fixa os requisitos mínimos exigíveis para fabricação, segurança e funcionamento de cadeados acionados por chave. Prescreve os métodos de ensaios a serem executados nos cadeados, simulando, por meio de ensaios mecânicos (laboratório), uma utilização prolongada para verificação da durabilidade dos componentes e os esforços a que podem ser submetidos se sofrerem tentativa de arrombamento.
Os cadeados tratados por esta norma são aqueles utilizados com a finalidade de bloquear ou impedir o acesso a uma determinada área promovendo controle de acesso e segurança ao patrimônio. O cadeado é uma espécie de fechadura portátil, podendo ser utilizado para trancar mais de um objeto ou área.
Os cadeados são constituídos basicamente de corpo, gancho e chave, sendo que cada um possui uma chave própria, de modo que apenas seu proprietário possa acioná-lo. Os cadeados são utilizados nas mais diversas situações, como trancar portões, janelas, malas e correntes. Na fabricação dos cadeados, os materiais metálicos devem ser os recomendados na tabela abaixo, podendo, contudo, ser substituídos por outros, desde que os novos materiais apresentem qualidade equivalente ou superior aos indicados e que atendam aos requisitos da norma.
Na fabricação de cadeados, os materiais não metálicos devem obedecer às normas correspondentes para cada tipo de material e atender aos requisitos desta norma. O cadeado não pode apresentar rebarbas, bolhas, manchas e sinais de corrosão, podendo possuir acabamento de proteção e embelezamento aplicado às suas superfícies, resultando em um conjunto esteticamente agradável, com maciez em seu funcionamento.
O cadeado deve ser fornecido com no mínimo duas chaves. Todo cadeado deve trazer escrito, em destaque, na principal face de sua embalagem, o seu respectivo tipo. O tipo de cadeado está diretamente relacionado à principal matéria prima utilizada para a fabricação do corpo. Os tipos de cadeados e os dizeres que devem ser utilizados para cada tipo estão indicados na tabela abaixo.
No caso do desenvolvimento de novos materiais ou utilização de outras matérias-primas na fabricação do corpo do cadeado, que não estejam relacionadas na tabela acima, deve-se adotar o mesmo conceito de tipologia, relacionando o tipo de cadeado com a principal matéria-prima utilizada na fabricação do corpo e empregando os seguintes dizeres: “Cadeado de”. A nomenclatura a ser utilizada para o novo tipo de cadeado e sua respectiva matéria prima deve ser relacionada aos nomes mais usuais e conhecidos pelo mercado.
O tamanho da letra utilizada na embalagem para a descrição do tipo de cadeado deve ser no mínimo 20% maior que qualquer outra fonte utilizada na embalagem, com exceção da logomarca e nome da empresa, que podem ter o tamanho de sua letra maior que a utilizada para o tipo de cadeado. Os acabamentos do cadeado, quando mencionados na embalagem, devem ser precedidos das palavras “acabamento de” e devem respeitar a regra de tamanho de letra.
O cadeado deve ser acondicionado em embalagem protetora, de modo a garantir a permanência de suas características, devendo constar no mínimo: marca ou símbolo do fabricante; tipo do cadeado, de acordo com o já descrito; principal matéria prima empregada na fabricação de cada uma das partes do cadeado (corpo, gancho e chave); país de origem; número desta norma; número do nível de segurança; data de fabricação (no mínimo semestre/ano). O cadeado deve trazer marcado em seu corpo de forma indelével e visível no mínimo as seguintes informações: marca ou símbolo do fabricante; país de origem.
O fabricante deve fornecer, junto com o cadeado, as orientações para conservação do produto. Um ensaio importante nesses produtos é verificar a resistência do gancho e do mecanismo de trava, quando submetidos a uma carga de tração, simulando tentativa de arrombamento.
O corpo de prova corresponde a um cadeado inspecionado visualmente e considerado em perfeitas condições de funcionamento. A aparelhagem necessária à execução do ensaio está descrita em seguida. Um dinamômetro, com fundo escala de até quatro vezes o valor determinado para o seu nível de segurança. Um dispositivo que permita a fixação do corpo de prova a ensaiar. Barra redonda em aço, com área de corte transversal quatro vezes maior que o diâmetro do gancho.
Caso o corpo de prova não permita uma barra desta dimensão, sua dimensão deve ser a maior possível, não excedendo 80% da abertura do gancho. Um suporte de sustentação para aplicação da carga. Posicionar o cadeado com o gancho fechado, sem as chaves, no dispositivo, aplicar uma força de tração F1 (kN) durante 5 s, conforme o nível de segurança do cadeado especificado.
Deve ser indicado se houve ruptura do gancho ou do mecanismo de trava. É considerado aprovado o corpo de prova cujo gancho ou mecanismo de trava não tenha se rompido. O relatório de ensaio deve conter as seguintes informações: resultado do ensaio; nome ou marca do fabricante; número do nível de segurança; número desta norma. Existem outros ensaios que devem ser executados para medir a qualidade dos cadeados: resistência do gancho submetido a um esforço de torção, resistência ao corte do gancho, resistência à corrosão, destravamento do gancho por rotação da chave, introdução e retirada da chave e resistência a um momento aplicado à chave.
Hayrton Rodrigues do Prado Filho