O movediço amparo das aspas
Redação
Ninguém em momento de crise (ou de tédio) está muito disposto a refletir sobre uma frase bem construída, ainda menos se tiver algum conteúdo. Daí talvez o sucesso do discurso populista. Daí também o enorme sucesso da autoajuda.
Jurandir Renovato -
Todos nós possuímos um acervo pessoal de citações para usar em diferentes circunstâncias. São frases que lemos e ouvimos ao longo da vida e com as quais nos identificamos por este ou aquele motivo; algumas se modificaram com o tempo e pela memória, outras já foram assimiladas com defeito desde o início. Algumas atribuímos a pessoas erradas, ora de propósito, ora por ignorância; outras reduzimos ou adaptamos livremente.
Elas servem aos mais variados propósitos: exemplificar, criticar, colorir, esclarecer. Às vezes, distorcer e confundir. Em pequenas doses funcionam muito bem e de modo geral não comprometem a boa saúde de uma conversa ou de um texto.
Nem todo mundo é moderado, no entanto. Seja na fala ou na escrita, os viciados em citações são verdadeiras metralhadoras deitando aspas como cartuchos de bala vazios nas fuças de quem lhes franqueia os ouvidos para escutar ou os olhos para ler. A diferença entre eles é o repertório.
Enquanto alguns lançam mão de frases aparentemente mais elaboradas, agudas e originais, inclusive na língua em que foram produzidas, outros prefe...