Publicado em 26 nov 2024

A coragem de se olhar no espelho

Redação

O ser que se pretende perfeito e imaculado se distancia de sua real natureza, limitada, reprimindo suas manchas e distanciando-se delas, ao mesmo tempo que projeta, nos outros, erros e condutas reprováveis. A ética meramente intencional forma sujeitos parciais, teatrais, estagnados em sua mentira, hipocrisia e covardia.

Paulo Monteiro – 

Me pergunto continuamente como é possível que grandes empresas se envolvam em escândalos de corrupção, considerando que os donos costumam ser pessoas respeitadas no mercado, seguidos por milhares de fãs e até protagonistas de best-sellers que se propuseram a desvendar os métodos que os levaram a tanto sucesso. A verdade é que muitas pessoas, grupos e instituições que se declaram éticas o fazem por uma necessidade de validar a própria imagem diante da sociedade e até de si mesmas.

Não reconhecem seus erros por não conseguirem conviver com o fato de que são seres humanos falhos e limitados, incoerentes e paradoxais, como todos somos. O ser que se pretende perfeito e imaculado se distancia de sua real natureza, limitada, reprimindo suas manchas e distanciando-se delas, ao mesmo tempo que projeta, nos outros, erros e condutas reprováveis.

Essa dissociação cria personas que vivem verdadeiros teatros, acreditando possuir uma índole límpida e exemplar quando, no fundo, aceitam, continuamente, a falta de virtude como conduta usual. Essas pessoas e organizações buscam todos os argumentos para livrarem-se d...

Artigo atualizado em 25/11/2024 03:11.

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