Publicado em 02 dez 2025

A caracterização da doença pulmonar obstrutiva crônica

Redação

A doença pulmonar obstrutiva crônica caracteriza-se pela limitação crônica ao fluxo de ar, não totalmente reversível, associada a uma resposta inflamatória anormal à inalação de partículas ou gases nocivos. Do ponto de vista da fisiopatologia, a obstrução crônica ao fluxo de ar na doença ocorre devido a uma associação de inflamação nas pequenas vias aéreas (bronquiolite respiratória) e destruição parenquimatosa (enfisema).

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma condição caracterizada pela limitação crônica do fluxo de ar, que não é totalmente reversível, e está associada a uma resposta inflamatória anormal à inalação de partículas ou gases nocivos. A DPOC é frequentemente resultado de uma combinação de bronquite crônica e enfisema, com a obstrução do fluxo de ar resultando de inflamação nas pequenas vias aéreas e destruição do parênquima pulmonar.

Os sintomas da DPOC geralmente se desenvolvem de forma insidiosa e incluem tosse crônica, produção de muco, dispneia (falta de ar) e sibilos. Esses sintomas tendem a piorar com o tempo e podem levar a exacerbações, que são episódios de agravamento dos sintomas.

O diagnóstico é confirmado por meio de espirometria, que revela um distúrbio ventilatório obstrutivo. A relação entre o volume expiratório forçado em um segundo (VEF1) e a capacidade vital forçada (CVF) é utilizada para determinar a gravidade da obstrução.

A DPOC é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. No Brasil, a prevalência de DPOC é significativa, especialmente entre fumantes e ex-fumantes.

O tratamento da DPOC é contínuo e envolve a cessação do tabagismo, uso de broncodilatadores, corticosteroides inalatórios e, em casos mais graves, oxigenoterapia e intervenções cirúrgicas. A DPOC pode levar a complicações como insuficiência respiratória, hipertensão pulmonar e cor pulmonale, que é a dilatação do ventrículo direito do coração devido a problemas pulmonares.

O acompanhamento regular é essencial para avaliar a progressão da doença, a eficácia do tratamento e a presença de comorbidades. Ela pode ser classificada em estágios de acordo com a gravidade da obstrução, que pode variar de leve a muito grave, com base nos resultados da espirometria.

A DPOC é uma condição complexa que requer um manejo cuidadoso e multidisciplinar para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir a mortalidade associada à doença. Conforme o MS-PCDT: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, a bronquite crônica pode ser definida como tosse produtiva por ao menos três meses ao ano por dois anos consecutivos, em pacientes nas quais outras causas de tosse com expectoração foram excluídas, muitas vezes antecede em anos o desenvolvimento de obstrução ao fluxo de ar. Nas fases mais avançadas a DPOC leva a significativo prejuízo na qualidade de vida, devido às exacerbações mais frequentes e graves, bem como à incapacidade funcional associada à insuficiência respiratória crônica.

Além de fadiga e intolerância a atividades físicas, pacientes com DPOC grave podem também apresentar perda de peso, redução da massa muscular e mesmo caquexia, atribuídas a quadro inflamatório sistêmico. Nos países industrializados, 5% a 10% da população adulta sofrem de DPOC.

No Brasil, estudo de base populacional com avaliação espirométrica de indivíduos com mais de 40 anos mostrou prevalência total de distúrbio ventilatório obstrutivo de 15,8% na região metropolitana de São Paulo, sendo 18% entre os homens e 14% entre as mulheres, quando medido pela razão volume expiratório forçado em um segundo/ capacidade vital forçada (VEF1/CVF). A maioria dos casos não tinha diagnóstico prévio.

No seguimento desse estudo, utilizando- se a razão VEF1/VEF 6 (volume expiratório foçado em seis segundos) para detecção de obstrução de fluxo de ar, identificou-se uma prevalência de 9%. Em revisão sistemática, encontrou-se prevalência nacional de DPOC agregada de 17% quando diagnosticada por avaliação espirométrica.

A maior prevalência de DPOC foi identificada na região centro-oeste (25%), seguida pela região sudeste (23%); sendo menor na região sul (12%). O estudo não identificou relatos de prevalência de DPOC nas regiões norte e nordeste do país que atendessem aos critérios de elegibilidade pré-estabelecidos.

Em análise de sensibilidade, encontrou-se maior prevalência de DPOC entre homens (16%), comparado às mulheres (13%) semelhante aos dados encontrados para a região metropolitana de São Paulo. No Brasil, de acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) pela metodologia Global Burden of Disease (GBD) – Brasil, a DPOC é a quinta causa de morte entre todas as idades, depois de doença isquêmica do coração, doença cerebrovascular, infecção de vias aéreas inferiores e Alzheimer e outras demências.

Ademais, segundo o GBD foi a oitava causa de anos de vida perdidos no país em 2016. Nas últimas décadas, foi a quinta maior causa de internação no Sistema Único de Saúde entre pacientes com mais de 40 anos, correspondendo a cerca de 200.000 hospitalizações e gasto anual aproximado de 72 milhões de reais. Com vistas à identificação precoce, está indicada espirometria com teste pré e pós-broncodilatador (BD) para pacientes fumantes ou ex-fumantes, com mais de 40 anos, que apresentem sintomas respiratórios crônica.

Artigo atualizado em 01/12/2025 09:45.
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