Os problemas clínicos da incontinência urinária não neurogênica
Redação
A incontinência urinária não neurogênica refere-se à perda involuntária de urina que não é causada por condições neurológicas. Essa condição pode ser classificada em diferentes tipos, como a incontinência urinária de esforço (IUE) e a incontinência urinária de urgência (IUU).

A incontinência urinária não neurogênica refere-se à perda involuntária de urina que não é causada por condições neurológicas. Essa condição pode ser classificada em diferentes tipos, como a incontinência urinária de esforço (IUE) e a incontinência urinária de urgência (IUU). A IUE ocorre devido a uma deficiência no suporte vesical e uretral, resultando em perda de urina em situações de aumento da pressão intra-abdominal, como tossir, espirrar ou rir. É mais comum em mulheres.
A IUU resulta da hiperatividade do músculo detrusor, levando a contrações involuntárias que causam um desejo súbito e imperioso de urinar. Os sintomas incluem urgência miccional, polaciúria e noctúria. A incontinência urinária mista (IUM) combina as características da IUE e IUU, apresentando tanto a perda de urina associada ao esforço quanto a urgência.
O diagnóstico envolve uma história clínica detalhada, exame físico e, se necessário, exames complementares como urodinâmica. A anamnese deve incluir a frequência de episódios de perda e hábitos miccionais, o grau de incômodo e a necessidade de proteção (absorventes, fraldas) e as condições associadas, como cirurgias prévias e uso de medicamentos. O tratamento inicial geralmente é conservador, incluindo as mudanças no estilo de vida (ex.: perda de peso, exercícios pélvicos), técnicas de reabilitação, como biofeedback e eletroestimulação do nervo tibial, e os medicamentos podem ser considerados se as medidas conservadoras não forem eficazes.
Enfim, a incontinência urinária não neurogênica é uma condição que pode impactar significativamente a qualidade de vida. A identificação precoce e o tratamento adequado são essenciais para melhorar os resultados terapêuticos.
O MS-PCDT: Incontinência Urinária não Neurogênica de 2025 informa que o termo incontinência urinária (IU) refere-se à queixa de qualquer perda de urina, que pode ser involuntária, provocada pelo indivíduo ou descrita por um cuidador. Essa perda involuntária pode estar associada com a urgência e também com esforço ou esforço físico, incluindo atividades esportivas, ou em espirros ou tosse.
A IU é uma condição que afeta a qualidade de vida, comprometendo o bem-estar físico, emocional, psicológico e social das pessoas. A IU pode acometer indivíduos de todas as idades, de ambos os sexos e de todos os níveis sociais e econômicos.
Um estudo na população dos EUA estimou que 12 milhões de pessoas sofrem de IU. Estima-se que 200 milhões de pessoas vivam com incontinência ao redor do mundo e que entre 15% e 30% das pessoas acima de 60 anos que vivem em ambiente domiciliar apresentam algum grau de incontinência.
Entretanto, o número exato de pessoas acometidas pode ser muito maior do que as estimativas atuais, visto que muitas delas não procuram ajuda por vergonha, acreditando que o problema seria uma consequência normal do envelhecimento ou, ainda, que não existe tratamento. Um estudo brasileiro conduzido em população idosa relatou uma prevalência de IU de 11,8% entre os homens e de 26,2% entre as mulheres.
As mulheres têm maior predisposição de apresentar essa condição. As mulheres apresentam uma menor capacidade de oclusão uretral e isso se deve ao fato de a uretra funcional feminina ser mais curta e a continência depender não somente do funcionamento esfincteriano adequado, mas também de elementos de sustentação uretral (músculos e ligamentos) e transmissão da pressão abdominal para o colo vesical.
Inúmeras situações podem levar à IU. A identificação da sua causa é essencial para o tratamento adequado. De maneira geral, a presença de IU pode ser dividida de acordo com a etiologia em neurogênica (p.ex., por lesão medular traumática, esclerose múltipla, acidente vascular cerebral) e não neurogênica (p. ex. hiperatividade detrusora, insuficiência intrínseca do esfíncter uretral, cirurgias da próstata).
Este protocolo trata de causas não neurogênicas, especificamente a IU aos esforços e a IU por urgência no adulto A IU pode ser classificada de acordo com o tipo de incontinência em IU aos esforços, IU de urgência e IU mista.
A incontinência urinária aos esforços (IUE) ocorre devido a uma deficiência no suporte vesical e uretral que é feito pelos músculos do assoalho pélvico ou por uma fraqueza ou lesão do esfíncter uretral. Essa condição leva a perda de urina em situações de aumento da pressão intra-abdominal, tais como, tossir, espirrar, correr, rir, pegar peso, levantar da posição sentada ou até mesmo andar.
Em geral, não ocorrem perdas em repouso e durante o sono. Essa situação é bastante frequente em mulheres. Em homens sem alterações neurológicas relevantes, esse tipo de incontinência ocorre após prostatectomia, em que o mecanismo esfincteriano proximal é removido. Nesses casos, a continência fica dependente do esfíncter uretral estriado e uma lesão parcial ou total deste componente esfincteriano pode levar à IU.