As estratégias para atenuar a progressão da doença renal crônica
Redação
A doença renal crônica (DRC) é uma condição clínica definida pela presença de anormalidade estrutural ou funcional renal, durante um período de pelo menos três meses, com a perda progressiva da função dos néfrons e consequente perda de sua capacidade de filtrar o sangue e manter a homeostase.

As estratégias para atenuar a progressão da doença renal crônica (DRC) incluem uma combinação de intervenções medicamentosas e não medicamentosas. Uma dela seria uma mudança no estilo de vida, com a cessação do tabagismo, pois parar de fumar é crucial, pois o tabagismo está associado a um aumento do risco cardiovascular e pode agravar a função renal.
Recomenda-se, também a prática de atividades físicas, com um mínimo de 150 minutos por semana, adaptadas às condições de saúde do paciente. A redução do peso corporal para um índice de massa corporal (IMC) normal é benéfica.
O tratamento medicamentoso inclui os inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) e os bloqueadores de receptores da angiotensina (BRA). Esses medicamentos são recomendados para pacientes com DRC, especialmente aqueles com hipertensão ou diabetes, pois ajudam a proteger a função renal.
O dapagliflozina é um inibidor do cotransportador 2 de sódio-glicose (iSGLT2), sendo indicado para pacientes com DRC em estágios 2 a 4, pois demonstrou reduzir a progressão da doença. Para pacientes em estágios 3 e 4 da DRC, recomenda-se uma dieta com restrição de proteínas (0,6 a 0,8 g/kg/dia) para retardar a progressão da doença.
A ingestão de sódio deve ser limitada a menos de 2 g/dia, o que pode ajudar a controlar a pressão arterial e reduzir a carga sobre os rins. Deve-se monitorar a taxa de filtração glomerular (TFG), a relação albuminúria/creatinúria (RAC) e outros parâmetros laboratoriais é essencial para ajustar o tratamento e detectar complicações precocemente.
Deve-se incluir nefrologistas, nutricionistas e outros profissionais de saúde para um manejo abrangente da DRC e informar os pacientes sobre a doença, suas complicações e a importância do tratamento, que são são fundamentais para a autogestão e adesão ao tratamento. Essas estratégias, quando implementadas de forma integrada, podem ter um impacto significativo na redução da progressão da DRC e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
O MS-PCDT: Estratégias para Atenuar a Progressão da Doença Renal Crônica de 2025 detalha que a doença renal crônica (DRC) é uma condição clínica definida pela presença de anormalidade estrutural ou funcional renal, durante um período de pelo menos três meses, com a perda progressiva da função dos néfrons e consequente perda de sua capacidade de filtrar o sangue e manter a homeostase. As diversas funções renais, como a excreção de produtos finais de diversos metabolismo s, produção de hormônios, controle do equilíbrio hidroeletrolítico, do metabolismo ácido-básico e da pressão arterial, são gradativamente impactadas.
Sabe-se que, apesar dos néfro ns suportarem aumento transitório na carga de filtração glomerular, elevações persistentes da taxa de filtração glomerular (TFG) e da pressão de filtração (hipertensão glomerular) desencadeiam processos inflamatórios deletérios e estresse oxidativo que culminam com a esclerose glomerular e a fibrose túbulo-intersticial, ou seja, com a DRC e sua progressão. Diferentes mecanismos podem estar envolvidos na fisiopatologia e progressão da DRC, sendo múltiplas as causas e o s fatores prognósticos.
Além disso, muitos fatores estão associados tanto à etiologia quanto à progressão da perda de função renal, sendo considerados fatores de risco para o desenvolvimento e a progressão da doença: diabetes; hipertensão; senilidade; obesidade; antecedentes de doença do aparelho circulatório (doença coronariana, acidente vascular cerebral, doença vascular periférica, insuficiência cardíaca); histórico de DRC na família; tabagismos; uso de agentes nefrotóxicos; doenças glomerulares; e doenças genéticas (incluindo a doença renal policística autossômica dominante). Atualmente, a DRC se destaca como um problema de saúde pública devido à sua prevalência crescente, morbimortalidade elevada e altos custos demandados para a manutenção dos pacientes renais crônicos dialíticos nas diversas modalidades de terapia renal substitutiva (TRS) existentes (hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal).
Na maior parte do tempo, a DRC é assintomática. Desse modo, evidencia-se a relevância da realização da prevenção dos fatores de risco, do rastreamento e do diagnóstico precoce de DRC na atenção primária à saúde (APS), especialmente no que concerne às pessoas com hipertensão arterial sistêmica e diabete melito. É fundamental, ainda, que o profissional possa agregar no processo de diagnóstico a percepção de identificar e reconhecer marcadores de determinantes sociais como identidade de gênero, racismo, orientação sexual, etnia e iniquidades sociais e econômicas como indicadores de saúde que podem contribuir para o desenvolvimento de situações de agravos e condições de adoecimento.