Publicado em 02 set 2025

As diretrizes terapêuticas do tumor do estroma gastrointestinal

Redação

Os tumores do estroma gastrointestinal (gastrointestinal stromal tumors – GIST) são neoplasias raras, tipicamente subepiteliais. Compreendem vários subtipos molecularmente distintos de sarcomas que coletivamente representam os tumores mesenquimais mais comuns do trato gastrointestinal.

A terapêutica do tumor do estroma gastrointestinal (GIST) envolve uma abordagem multidisciplinar, considerando as opções de tratamento cirúrgico, quimioterapia, radioterapia e terapia alvo. O tratamento cirúrgico é realizado por ressecção cirúrgica que é o tratamento de escolha para GIST localizado. A ressecção completa do tumor, sem violação da pseudocápsula, é fundamental para reduzir o risco de recidiva. Tumores maiores que 2 cm devem ser ressecados, enquanto a ressecção de tumores menores é controversa.

Mesmo após ressecção, cerca de 50% dos pacientes podem apresentar recidiva em 5 anos. A quimioterapia com mesilato de imatinibe, que é o principal agente utilizado, tanto em quimioterapia adjuvante (após cirurgia) quanto em quimioterapia paliativa para doença avançada. A quimioterapia adjuvante é considerada em pacientes com alto risco de recidiva.

Estudos mostram que o uso de imatinibe pode aumentar a sobrevida livre de doença em pacientes de alto risco. A radioterapia é considerada para pacientes que não podem ser operados, visando controlar a progressão local da doença. No entanto, não há evidência de benefício em termos de sobrevida geral. Pode ser utilizada em casos de resistência ao imatinibe ou para alívio de sintomas

O MS-PCDT: Tumor do Estroma Gastrointestinal de 2025 descreve os tumores do estroma gastrointestinal (gastrointestinal stromal tumors – GIST) como neoplasias raras, tipicamente subepiteliais. Compreendem vários subtipos molecularmente distintos de sarcomas que coletivamente representam os tumores mesenquimais mais comuns do trato gastrointestinal.

Afetam, em 75% dos casos, o estômago e intestino delgado proximal, mas podem ocorrer em qualquer segmento do trato digestivo, como cólon, reto e apêndice. Os GIST extragastrointestinais são raros e podem se originar no omento, mesentério ou retroperitônio.

Os GIST manifestam-se em ambos os sexos e em qualquer faixa etária; entretanto mais comumente afetam pessoas com mais de 40-50 anos, com idade ao diagnóstico variando de 58 a 63 anos. Esses tumores correspondem a aproximadamente 1% das neoplasias primárias do trato digestivo.

Estima-se que a incidência anual seja de 7-20 casos por milhão de pessoas. Em mais jovens, estima-se que a incidência seja de 0,06 a cada 100.000 pessoas entre 20-29 anos e de 0,02 por milhão de crianças com menos de 14 anos.

A maioria dos casos parece ser esporádica, já que fatores de risco epidemiológicos não foram identificados até o momento. Há, porém, uma predisposição à ocorrência de GIST em crianças e adultos jovens com certas síndromes hereditárias, tais como GIST familiar (múltiplos GIST no estômago e no intestino delgado), neurofibromatose tipo 1, tríade de Carney (GIST gástrico, paraganglioma extra-adrenal e condroma pulmonar) e síndrome de Carney-Stratakis (GIST gástrico e paraganglioma) (2,3).

A etiologia do GIST parece estar relacionada às células intersticiais de Cajal (CIC) do plexo mioentérico envolvidas na peristalse. As CIC e as células do GIST apresentam similaridades ultraestruturais, como a expressão em comum do receptor transmembrana da tirosinoquinase KIT (receptor KIT).

Normalmente esse receptor desempenha papel fundamental no desenvolvimento e na manutenção das CIC, sendo um produto do proto-oncogene c-KIT. Um experimento-chave para a compreensão molecular da patogênese da doença foi realizado em 1998 e confirmou a teoria vigente de que, no GIST, certas mutações no c-KIT induzem uma ativação não controlada do receptor KIT, com consequente proliferação e aumento da sobrevida celular (isto é, crescimento neoplásico).

A identificação por imuno-histoquímica do antígeno CD117, que constitui parte do receptor KIT e, portanto, funciona como um marcador de sua presença, representou um passo essencial no diagnóstico diferencial do GIST em relação aos outros sarcomas do trato gastrointestinal. Embora 90% ou mais dos GIST apresentem positividade para a expressão do receptor KIT (isto é, são CD117 positivos), alguns subtipos podem sofrer mutações em outros genes.

Mutações no gene de outra tirosinoquinase, como o receptor alfa do fator de crescimento derivado das plaquetas (platelet-derived growth fator receptor alpha-PDGFRA), são encontradas em menos de 5% dos GIST CD117 negativos. Em geral, 5% dos GIST não apresentam quinases com mutações detectáveis, sendo chamados GIST de tipo selvagem (wild type).

Nessa situação, até um terço dos GIST c-KIT, PDGFRA e com GIST tipo selvagem podem apresentar mutações em outras vias moleculares não relacionadas com as tirosinoquinases. A identificação da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para atendimento especializado dão à atenção básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos.

Artigo atualizado em 26/08/2025 02:30.
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