Os sinais clínicos da doença celíaca
Redação
A doença celíaca é crônica e afeta o intestino delgado desencadeada pela resposta imunomediada ao glúten (principal fração proteica presente no trigo, centeio e cevada), em indivíduos com predispos ição genética. A maioria dos indivíduos afetados possui genes que codificam o antígeno leucocitário humano (HLA) DQ2 ou DQ8, que promovem o reconhecimento de peptídeos es pecíficos do glúten por células T CD4+.

A doença celíaca é uma condição crônica do intestino delgado que resulta de uma resposta imunomediada ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, centeio e cevada. Os sinais clínicos da doença celíaca podem variar amplamente, apresentando-se em formas clássicas e não clássicas, além de casos assintomáticos.
A forma clássica é caracterizada por sintomas gastrointestinais, enquanto a forma não clássica pode incluir manifestações extraintestinais. A doença celíaca pode ser subdiagnosticada, especialmente em adultos, onde os sintomas podem ser menos pronunciados ou mascarados por outras condições.
A identificação precoce e o tratamento adequado são cruciais para evitar complicações graves, como a crise celíaca, que pode levar a desidratação e desnutrição severa. O MS-PCDT: Doença Celíaca descreve que a doença celíaca é crônica do intestino delgado desencadeada pela resposta imunomediada ao glúten (principal fração proteica presente no trigo, centeio e cevada), em indivíduos com predispos ição genética.
A maioria dos indivíduos afetados possui genes que codificam o antígeno leucocitário humano (HLA) DQ2 ou DQ8, que promovem o reconhecimento de peptídeos es pecíficos do glúten por células T CD4+. A princípio, ocorre uma resposta mediada por células T ao glúten presente na dieta, o que desencadeia uma grande produção de citocinas inflamatórias, com danos à mucosa intestinal.
Em seguida, ocorre a ativação de células B, o que provoca um aumento da produção de anticorpos anti-transglutaminas e tecidual da class e Imunoglobulina A (tTG IgA) 7,8. Estes , juntamente com os anticorpos anti-endomís io (EMA) e antigliadina deaminada podem ser encontrados no soro do paciente.
A soroprevalência global da doença celíaca é de 1,4% (IC 95%: 1,1% a 1,7%), e a prevalência obtida pela confirmação por bióps ia é de 0,7% (IC 95%: 0,5% a 0,9%). Na América do Sul, a soroprevalência é de 1,3% (IC 95%: 0,5% a 2,5%), e a prevalência observada pela comprovação por biópsia é de 0,3% (IC 95%: 0,1% a 0,6%).
No Brasil, um estudo realizado na cidade de São Paulo, estimou a prevalência da doença celíaca entre 1 a cada 214 e 1 a cada 286 indivíduos, e em Ribeirão Preto, a estimativa foi de 1 a cada 273 indivíduos. No sul do país , a prevalência foi de 1 a cada 417 indivíduos, em Bras ília, 1 a cada 681 indivíduos, e em Recife foram observados 9 casos em um grupo de 1074 indivíduos.
Contudo, acredita-se que a doença é subdiagnosticada na população brasileira. Existem evidências de que a prevalência da doença celíaca também varia com a idade.
Uma revisão sistemática e meta-análise mostrou uma prevalência da doença celíaca em crianças de 0,9% (IC 95%: 0,6% a 1,3%) e, de 0,5% (IC 95%: 0,3% a 0,8%) em adultos. A prevalência da doença celíaca confirmada por biópsia foi cerca de duas vezes mais comum em crianças do que em adultos.
No entanto, essas diferenças podem ser explicadas por dificuldades de diagnóstico em adultos , como mascaramento dos sintomas de má absorção dos alimentos com glúten, presença de outras doenças e complicações na fase adulta, ou prevalência da doença celíaca não clássica, e alterações histopatológicas ao longo dos anos, com menores concentrações de tTG IgA e, consequentemente, grau da lesão histológica menos pronunciada na fase adulta, de forma que as biópsias de mucosa duodenal podem não identificar atrofia de vilosidades.
Apesar da relevância dessa condição, sugere-se que para cada diagnóstico de doença celíaca a partir de sintomas clínicos, existem de três a sete pacientes oligo ou assintomáticos sem diagnóstico. A doença celíaca possui um amplo espectro de manifestações clínicas semelhantes a um distúrbio multissistêmico, mas é caracterizada pela presença de lesão do intestino delgado.
Dessa forma, devem ser também observados os fatores de risco para a doença, que incluem hábitos alimentares e predisposição genética (por exemplo, parentes de primeiro grau de celíacos, com doenças autoimunes e de síndromes genéticas), infecções gastrointestinais na infância, e agravos autoimunes, como diabete melito tipo I, deficiência de IgA e s índrome de Down, além de câncer. O diagnóstico precoce e adequada assistência à saúde, pode reduzir em 29% os custos de tratamento do paciente no ano seguinte ao diagnós tico e 39% em seu custo médico total.