Publicado em 30 set 2025

O protocolo clínico das dermatites atópicas

Redação

Esse protocolo clínico foi desenvolvido com o objetivo de padronizar o diagnóstico e tratamento dessa condição, especialmente após a incorporação da ciclosporina para o tratamento de casos moderados a graves. O protocolo inclui critérios de diagnóstico, tratamento e acompanhamento, e é de caráter nacional.

A dermatite atópica é uma condição crônica, inflamatória e pruriginosa da pele, que pode afetar tanto crianças quanto adultos. O diagnóstico é geralmente clínico, baseado na história e na morfologia das lesões.

Os critérios de Hanifin e Rajka são amplamente utilizados e considerados o padrão-ouro para o diagnóstico. O tratamento varia conforme a gravidade da doença, podendo incluir: as terapias tópicas com emolientes e corticosteroides e as terapias sistêmicas com ciclosporina, metotrexato, entre outros, para casos mais graves.

A educação sobre a condição e o tratamento é fundamental para melhorar a adesão e os resultados terapêuticos. O protocolo estabelece diretrizes para a regulação do acesso ao tratamento e a avaliação contínua da eficácia e segurança dos medicamentos utilizados.

MS-PCDT: Dermatite Atópica descreve que a dermatite atópica (DA) é uma condição crônica, recorrente, inflamatória e pruriginosa da pele, que ocorre com maior frequência em crianças (início precoce), mas também pode afetar os adultos, os quais representam um terço de todos os casos novos da doença. Trata-se de uma das doenças mais comuns na infância.

De acordo com o International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC), a prevalência global de DA era de 7,9% em crianças entre 6 e 7 anos e de 7,3%, em adolescentes entre 13 e 14 anos. Nesta mesma pesquisa, na população brasileira, a prevalência de DA foi de 7,3% nas crianças e 5,3% nos adolescentes da mesma faixa etária.

A DA afeta cerca de 1% a 3% dos adultos na maioria dos países, sendo mais prevalente em pessoas com tendência atópica, as quais desenvolvem de uma até três das condições intimamente ligadas: dermatite atópica, rinite alérgica e asma. A fisiopatologia da DA é complexa e envolve fatores genéticos, ambientais, anormalidade da barreira cutânea, desregulação imunológica e alterações do microbioma da pele, que levam a lesões cutâneas e prurido intenso, comprometendo a saúde e a qualidade de vida das pessoas afetadas por esta condição.

Os pacientes com DA têm barreira cutânea suscetível à xerose, um estado de ressecamento patológico da pele ou das membranas mucosas, fazendo com que a exposição a irritantes ambientais e alérgenos levem à inflamação e prurido. As alterações da barreira cutânea podem ocorrer pela diminuição dos níveis de ceramidas, que desempenham um papel na função de barreira da pele e previnem a perda de água transepidérmica.

A barreira cutânea defeituosa permite que irritantes e alérgenos penetrem na pele e causem inflamação devido a uma resposta Th2 hiperativa (com aumento de IL-4 e citocinas IL-5) em lesões agudas e resposta Th1 (com IFN-? e IL-12) em lesões crônicas. A filagrina é uma proteína epidérmica decomposta em fator de hidratação natural, de modo que a deficiência dessa proteína também é considerada um dos principais determinantes para alteração da barreira cutânea.

Os pacientes com doença leve podem apresentar crises intermitentes com remissão espontânea, mas em pacientes com dermatite moderada a grave, os sintomas raramente desaparecem sem tratamento. Lesões cutâneas eczematosas graves são raras (menos de 10% dos pacientes do DA) e os sintomas tendem a melhorar ou mesmo desaparecer com a idade.

Os pacientes com DA são predispostos ao desenvolvimento de infecções cutâneas bacterianas e virais, sendo que cerca de 90% dos indivíduos atópicos são colonizados por Staphylococcus aureus. O eczema herpético, também chamado de erupção variceliforme de Kaposi, é uma complicação rara que pode afetar pacientes com DA.

Em crianças com DA, lesões atípicas da doença-mão-pé-boca tendem a aparecer em áreas previamente ou atualmente afetadas pela dermatite, semelhantes ao eczema herpético. A DA também acarreta complicações extracutâneas, como o envolvimento oftalmológico e psicológico.

Problemas oculares em pacientes com DA incluem ceratoconjuntivite atópica (AKC) e ceratoconjuntivite vernal (VKC). A AKC é uma doença ocular crônica, alérgica, que ocorre com maior frequência em adultos com histórico de DA. A VKC ocorre mais comumente em crianças que vivem em climas quentes, secos e subtropicais.

Queimação, lacrimejamento e complicações como ceratocone, queratite infecciosa e blefarite também podem ocorrer. Evidências sugerem que vários transtornos e sintomas psiquiátricos, incluindo atividade psicossocial prejudicada, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, dificuldade de aprendizagem, depressão e transtornos de ansiedade, são mais comuns entre adultos e crianças com DA do que na população em geral.

Artigo atualizado em 30/09/2025 10:03.
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