Publicado em 18 nov 2025

As implicações da doença de Gaucher

Redação

A doença de Gaucher é rara, autossômica recessiva, causada por mutações no gene GBA1, o que gera atividade deficiente da enzima beta-glicocerebrosidase, compromentendo o metabolismo de lipídeos complexos derivados da membrana plasmática. Como consequência há um acúmulo de glicocerebrosídeo ou glicosilceramida nos macrófagos. Esses agregados fibrilares dentro dos macrófagos mudam a aparência do citoplasma dessas células, que então são chamadas de células de Gaucher.

A doença de Gaucher (DG) é uma condição genética rara, autossômica recessiva, causada por mutações no gene GBA1, resultando em deficiência da enzima beta-glicocerebrosidase. Essa deficiência leva ao acúmulo de glicocerebrosídeo nos macrófagos, formando as chamadas células de Gaucher, que podem infiltrar diversos órgãos e causar uma variedade de manifestações clínicas.

Os sintomas podem variar amplamente, incluindo hepatomegalia, esplenomegalia, anemia, trombocitopenia e complicações ósseas, como dor e deformidades. A forma tipo 1, que é a mais comum, não apresenta comprometimento neurológico, mas há um risco aumentado de desenvolver doenças neurodegenerativas, como a doença de Parkinson.

O envolvimento ósseo pode resultar em crises de dor, deformidades e aumento do risco de fraturas. A condição pode levar a alterações na densidade mineral óssea, necessitando de monitoramento e tratamento adequado.

A terapia de reposição enzimática (TRE) é o tratamento padrão, podendo melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, reduzindo o tamanho do fígado e do baço, além de normalizar os níveis de hemoglobina e plaquetas. No entanto, a resposta ao tratamento pode variar, e alguns pacientes podem não responder adequadamente.

A condição pode impactar a saúde mental e a qualidade de vida dos pacientes, exigindo suporte psicológico e social. As mulheres com a doença podem enfrentar complicações durante a gravidez, como exacerbação dos sintomas e necessidade de monitoramento intensivo.

O diagnóstico é confirmado pela atividade da beta-glicocerebrosidase e análise genética. O acompanhamento regular é crucial para ajustar o tratamento e monitorar possíveis complicações. Essas implicações destacam a complexidade do manejo da doença de Gaucher e a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para o tratamento e suporte dos pacientes.

Segundo o MS-PCDT: Doença de Gaucher, a beta-glicocerebrosidase é codificada pelo gene GBA1, localizado no cromossomo 1p21. Apesar de estar relacionada a apenas um gene, a DG se caracteriza por grande variabilidade clínica, podendo também ser influenciada por variantes no gene PSAP1, que codifica proteínas de 4 SAPs (Sphyngolipid Activator Protein), como a saposina C.

A DG é um erro inato do metabolismo, cujo prognóstico pode variar de benigno a extremamente grave de acordo com o subtipo de apresentação e ao grau de deficiência da enzima. Suas três formas clínicas de apresentação, denominadas DG tipo 1, 2 e 3, se distinguem conforme idade de manifestação da doença e presença de doença neurodegenerativa progressiva.

A DG é uma das glicoesfingolipidoses mais comuns. A prevalência mundial pode variar de 0,70 a 1,75 por 100.000 habitantes e possui proporção similar entre homens e mulheres.

A DG do tipo 1 é mais prevalente na Europa, Israel, Estados Unidos e em populações caucasianas derivadas da Europa. Os tipos 2 e 3 da DG ocorrem principalmente em países não ocidentais, incluindo o Oriente Médio não israelense, subcontinente indiano, China, Japão e Coréia.

A incidência padronizada na população geral varia de 0,39 a 5,80 por 100.000 indivíduos. Os dados de incidência e prevalência no Brasil são escassos. Segundo dados do Ministério da Saúde, há 825 pacientes com DG em tratamento no Brasil.

A DG tem grande variedade de manifestações clínicas. Antes do advento da terapia de reposição enzimática (TRE), manifestações de longo termo incluíam cirrose, deterioração óssea e hipertensão pulmonar. Ademais, pacientes com DG podem ter risco aumentado de neoplasia de células B, mieloma múltiplo, gamopatia monoclonal e doença de Parkinson.

Assim, a assistência integral à pessoa com DG requer que toda decisão terapêutica em um caso específico seja preferencialmente parte de um plano de cuidado de longo prazo, definido após análise de todas as evidências clínicas, laboratoriais, radiológicas e patológicas da doença. A identificação da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dá à atenção primária à saúde (APS) um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos.

Artigo atualizado em 11/11/2025 12:01.
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