Publicado em 02 set 2025

A caracterização do transtorno esquizoafetivo

Redação

O transtorno esquizoafetivo é uma condição complexa que combina sintomas de esquizofrenia e transtornos de humor, como depressão ou mania. Ele é considerado uma variante da esquizofrenia, onde os sintomas de humor são proeminentes.

O transtorno esquizoafetivo é uma condição complexa que combina sintomas de esquizofrenia e transtornos de humor, como depressão ou mania. Ele é considerado uma variante da esquizofrenia, onde os sintomas de humor são proeminentes.

Pode ser classificado em três tipos: tipo maníaco, tipo depressivo e tipo misto. A definição ainda carece de consenso, mas é reconhecido que os sintomas de humor e psicose ocorrem simultaneamente por um período significativo.

Os sintomas são divididos em dois grupos principais: os sintomas de humor que incluem humor deprimido, perda de interesse, e energia diminuída e os sintomas psicóticos que incluem delírios, alucinações e pensamento desorganizado. Os critérios diagnósticos exigem que ambos os tipos de sintomas estejam presentes durante o mesmo episódio.

O diagnóstico é clínico e deve ser realizado por um psiquiatra qualificado. É importante excluir outras condições, como a esquizofrenia isolada, transtornos de humor isolados e efeitos de substâncias psicoativas. O tratamento envolve os medicamentos antipsicóticos em que a eficácia é semelhante entre os antipsicóticos, exceto para a clozapina, que é reservada para casos refratários.

o tratamento não medicamentoso envolve as terapias cognitivas e de suporte.

O manejo deve ser contínuo e adaptado às necessidades do paciente, especialmente em casos de comorbidades. A abordagem deve ser individualizada, considerando a gravidade dos sintomas e a resposta ao tratamento.

O MS-PCDT: Transtorno Esquizoafetivo de 2025 define que o transtorno esquizoafetivo ainda precisa de maior consenso, podendo ser uma variante da esquizofrenia, na qual os sintomas do humor são excepcionalmente proeminentes e comuns; uma forma grave de transtorno depressivo ou bipolar, na qual os sintomas psicóticos não cedem completamente entre os episódios de humor; ou duas doenças psiquiátricas relativamente comuns concomitantes, a esquizofrenia e um transtorno de humor (transtorno depressivo maior ou transtorno bipolar).

As controvérsias no diagnóstico do transtorno esquizoafetivo podem ser vistas nos diferentes critérios usados pelos dois maiores sistemas de diagnóstico e classificação em psiquiatria De acordo com os critérios do capítulo F da décima revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), este diagnóstico requer a presença de sintomas que preencham os critérios de diagnóstico de transtorno de humor (afetivo) em maníaco, depressivo ou misto, de manifestação moderada a grave, e de sintomas que preencham também o diagnóstico de esquizofrenia e que ocorram simultaneamente, pelo menos por algum período de tempo (duas semanas).

Já os critérios diagnósticos da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) da Associação Psiquiátrica Americana requerem um episódio de transtorno de humor com sintomas da fase ativa da esquizofrenia ocorrendo concomitantemente, antecedidos ou seguidos por, pelo menos, duas semanas de delírios ou alucinações, sem sintomas proeminentes de humor. Adicionalmente, a DSM-5 preconiza um diagnóstico longitudinal para este transtorno, uma vez que ele só pode ser feito se episódios de humor tenham ocorrido na maior parte do tempo da doença e desde o início dos sintomas psicóticos.

Para ambas as classificações, os episódios psicóticos e de humor não podem preencher os critérios das doenças isoladas, nem serem consequência do uso de substâncias psicoativas ou de outras doenças. Uma similaridade entre os dois sistemas de classificação é que o diagnóstico de transtorno esquizoafetivo está incluído na categoria de esquizofrenia e não em transtorno humor.

Possivelmente, a inclusão na categoria de doenças psicóticas influencia a escassez de estudos sobre o tratamento específico sobre o transtorno esquizoafetivo. A grande maioria dos estudos de tratamento medicamentoso da esquizofrenia inclui pacientes com transtorno esquizoafetivo e isso também influi na literatura médica descrita neste protocolo.

Além da definição difícil e da necessária exclusão dos diagnósticos de esquizofrenia e de transtorno de humor isolados, o diagnóstico de transtorno esquizoafetivo apresenta pouca estabilidade, pois, conforme o estudo de Santelmann, que avaliou pacientes em um seguimento médio de 2 anos, 19% dos casos migraram para o diagnóstico de esquizofrenia, 14% para transtornos de humor e 6% para outros transtornos. De todo modo, o diagnóstico de transtorno esquizoafetivo representa uma parcela significativa de casos na clínica psiquiátrica que apresentam, simultaneamente, alterações relevantes de humor e de psicose e que requerem medicamentos adequados para o controle dos sintomas.

As causas dos transtornos esquizofrênicos são, certamente, multifatoriais. Cada paciente apresenta sucessivos fatores de risco que atuam de forma sinérgica, predispondo para a doença.

Atualmente, identificam-se fatores genéticos que contribuem com múltiplos genes e interagindo com vários agentes ambientais, desde a formação embrionária primordial. Essas interações podem levar a alterações mediadas pelo desenvolvimento da neuroplasticidade cerebral que se manifestam em uma cascata de disfunções de citocinas, de elementos do sistema imunológico, de neurotransmissores, de circuitos sinápticos e de migração neuronal prejudicada.

É aventado que o período gestacional, a infância e adolescência são críticos, pois representam fases do desenvolvimento encefálico em que um ou vários gatilhos podem ter alta relevância para o início do transtorno. Vários fatores ambientais, como infecções virais maternas pré-natais ou complicações obstétricas com hipóxia ou estresse durante o neurodesenvolvimento, foram identificados como detentores de papel causal na esquizofrenia e no transtorno bipolar, possivelmente contribuindo também para o transtorno esquizoafetivo.

 

Artigo atualizado em 26/08/2025 02:32.
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