Os fatores de riscos do glaucoma
Redação
O glaucoma é uma neuropatia óptica com repercussão característica no campo visual, cujo principal fator de risco é o aumento da pressão intraocular (PIO) e cujo desfecho principal é a cegueira irreversível. O fator de risco mais relevante e estudado para o desenvolvimento da doença é a elevação da PIO.

O glaucoma é uma neuropatia óptica que pode levar à cegueira irreversível, e sua principal causa é o aumento da pressão intraocular (PIO). A identificação de fatores de risco é crucial para o diagnóstico e manejo da doença.
A prevalência do glaucoma aumenta significativamente com a idade, especialmente em indivíduos acima de 40 anos e ter um familiar com glaucoma aumenta consideravelmente o risco de desenvolver a doença. Estudos indicam que a chance de um indivíduo com um irmão glaucomatoso desenvolver a doença é 9,2 vezes maior do que na população geral.
Os indivíduos de etnias latinas e afrodescendentes têm uma prevalência maior de glaucoma em comparação com caucasianos. A prevalência é três vezes maior e a chance de cegueira pela doença é seis vezes maior nesses grupos.
A PIO acima de 21 mmHg é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma e as córneas com espessura inferior a 555 micrômetros estão associadas a um maior risco de glaucoma, pois podem subestimar a PIO. O dano microvascular causado pelo diabetes aumenta a prevalência de glaucoma.
A miopia está associada ao glaucoma de ângulo aberto, enquanto hipermetropia está relacionada ao glaucoma de ângulo fechado. Uma pressão de perfusão ocular diminuída, que é a diferença entre a pressão arterial e a PIO, também é um fator de risco.
Embora a hipertensão arterial sistêmica não tenha uma associação confirmada, enxaqueca e vasoespasmo periférico foram consistentemente relacionados como fatores de risco. A identificação precoce e o manejo adequado dos fatores de risco são essenciais para prevenir a progressão do glaucoma e preservar a visão.
O MS-PCDT: Glaucoma de 2023 informa que o glaucoma é uma neuropatia óptica com repercussão característica no campo visual, cujo principal fator de risco é o aumento da pressão intraocular (PIO) e cujo desfecho principal é a cegueira irreversível. O fator de risco mais relevante e estudado para o desenvolvimento da doença é a elevação da PIO.
Os valores normais situam-se entre 10 e 21 mmHg. Quando a PIO está aumentada, mas não há dano evidente do nervo óptico nem alteração no campo visual, o paciente é caracterizado como portador de glaucoma suspeito por hipertensão ocular (HO). Quando a PIO está normal e o paciente apresenta dano no nervo óptico ou alteração no campo visual, ele é classificado como portador de glaucoma de pressão normal. Exceto no glaucoma de início súbito, chamado glaucoma agudo, a evolução é lenta e principalmente assintomática.
Essa doença afeta mais de 67 milhões de pessoas no mundo, das quais 10% são cegas (acuidade visual corrigida no melhor olho de 0,05 ou campo visual com menos de 10 graus no melhor olho com a melhor correção óptica). Após a catarata, o glaucoma é a segunda causa de cegueira, além de ser a principal causa de cegueira irreversível.
No Brasil, há escassez de informações quanto à prevalência do glaucoma. A maior parte dos estudos é restrita, antiga e mostra prevalência de 2% a 3% na população acima de 40 anos, com aumento da prevalência conforme o aumento da idade. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia adota a prevalência de 2% a 3% na população brasileira acima de 40 anos, sendo que 50% a 60% destes diagnósticos são de glaucoma primário de ângulo aberto e em torno de 20% são de glaucoma primário de ângulo fechado.
Vários fatores de risco, além da PIO aumentada, já foram identificados: idade acima de 40 anos, escavação do nervo óptico aumentada, etnia (negra para o de ângulo aberto e amarela para o de ângulo fechado), história familiar, ametropia (miopia para o de ângulo aberto e hipermetropia para o de ângulo fechado), pressão de perfusão ocular diminuída, diabetes melito tipo 2, fatores genéticos e outros fatores especificados. Diversos estudos demonstraram que a prevalência do glaucoma se eleva significativamente com o aumento da idade, particularmente em latinos e afrodescendentes.
A prevalência é três vezes maior e a chance de cegueira pela doença é seis vezes maior em indivíduos latinos e afrodescendentes em relação aos caucasianos. Com relação à história familiar, estudos revelaram que basta um caso familiar de glaucoma para aumentar significativamente a chance de o indivíduo desenvolver a doença. Segundo o Rotterdam Eye Study, a chance de um indivíduo com irmão com glaucoma desenvolver a doença é 9,2 vezes maior do que a da população geral.
A maioria dos casos não está vinculada a fatores relacionados aos genes, o que sugere que o dano glaucomatoso é multifatorial. Enxaqueca e vasoespasmo periférico foram consistentemente relacionados como fatores de risco, ao passo que outras doenças vasculares (por exemplo, hipertensão arterial sistêmica) não tiveram associação confirmada. Córneas com espessura mais fina (igual ou inferior a 555 micrômetros) subestimam a PIO, ao passo que córneas espessas superestimam essa medida.
Os estudos são controversos sobre se a medida da paquimetria é um fator de risco independente da PIO ou se a medida da córnea mais fina subestima uma PIO aumentada que causa um dano glaucomatoso. Pressão de perfusão ocular diminuída é a diferença entre a pressão arterial e a PIO.
O glaucoma pode ser classificado das seguintes formas (7-9): glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), glaucoma de pressão normal (GPN), glaucoma primário de ângulo fechado, glaucoma congênito e glaucoma secundário. O GPAA, forma mais comum de glaucoma, é diagnosticado por PIO superior a 21 mmHg, associado a dano no nervo óptico ou a defeito no campo visual compatível com glaucoma e ausência de anormalidades na câmara anterior e de anormalidades sistêmicas ou oculares que possam aumentar a PIO.